INSTRUÇÃO
TÉCNICA NO 02/01 – revMar04
CONCEITOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO
CONTRA INCÊNDIO
SUMÁRIO
1 Objetivo
2 Aplicação
3 Referências normativas
e bibliográficas
4 Termos e
definições
5 Procedimentos
1 Objetivo
1.1 Esta Instrução Técnica tem por
objetivo orientar e familiarizar os profissionais técnicos, e permitir um
entendimento amplo sobre a proteção contra Incêndio nas edificações e áreas de
risco, atendendo ao previsto no Decreto Estadual 46076/01.
2 Aplicação
2.1 Esta Instrução Técnica se
aplica a todos os projetos e execuções dos Sistemas e Medidas de Segurança
Contra Incêndio.
3 Referências normativas e
bibliográficas
3.1 As seguintes fontes
bibliografias foram consultadas:
3.1.1 BERTO, A. Proteção contra
Incêndio em estruturas de aço. In: Tecnologia de Edificações. São Paulo: Pini,
nov/1988.
3.1.2 BERTO, A. Segurança ao fogo
em habitação de madeira de pinus spp/pressupostos básicos. In: Tecnologia de
Edificações. São Paulo: Pini,nov/1988.
3.1.3 DE FARIA, M. M. In: Manual
de Normas Técnicas do Corpo de Bombeiros Para Fins de Análise de Projetos
(Propostas) de Edificações. São Paulo: CAES/PMESP, Dez/1998.
3.1.4 INSTRUCCION TECNICA 07.09.
Sistemas de Espuma. Instalaciones Fijas (generalidades). ITSEMAP. Espanha: abr/89.
3.1.5 INSTRUCCION TECNICA 07.10. Instalaciones Fijas de CO2:
Generalidades. Sistemas de Inundacion. ITSEMAP. Espanha: nov/1986.
3.1.6 INSTRUCCION TECNICA 07.11. Sistemas Fijos de CO2:
Sistemas de aplicacion Local Y otros. ITSEMAP.
Espanha: abr/1987.
3.1.7 IPT. 1° relatório -
Elaboração de requisitos técnicos relativos às medidas de proteção contra
incêndio. In: RELATÓRIO N° 28826.São Paulo: Nov/90.
3.1.8 IPT. 2° relatório -
Elaboração de requisitos técnicos relativos às medidas de proteção contra
incêndio. In: RELATÓRIO N° 28.904. São Paulo: Dez/90.
3.1.9 IPT. 3° relatório -
Elaboração de requisitos técnicos relativos às medidas de proteção contra
incêndio. In: RELATÓRIO N° 28.922. São Paulo: Dez/90.
3.1.10 IPT. - Elaboração de
documentação técnica necessária para a complementação da regulamentação
estadual de proteção contra incêndio. In: RELATÓRIO N° 28.916.São Paulo:
Dez/90.
3.1.11 KATO, M. F. Propagação
superficial de chamas em materiais. In: Tecnologia de Edificações. São Paulo:
Pini, nov/1988.
3.1.12 MACINTYRE, A. J.
Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais. 2. Ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1988.
3.1.13 NATIONAL FIRE PROTECTION
ASSOCIATION. Manual de Protecion Contra Incêndio. 4. Ed, Espanha, Mapfre, 1993.
3.1.14 SEITO A.I. Tópicos da
segurança contra incêndio. In: Tecnologia de Edificações. São Paulo: Pini,
nov/1988.
3.1.15 SEITO A.I. Fumaça no
incêndio – movimentação no edifício e seu controle. In: Tecnologia de
Edificações. São Paulo: Pini, nov/1988.
3.1.16 SILVA V.P. Estruturas de
aço em situação de incêndio. São Paulo. Zigurate, abr/2001.
4 Prevenção de incêndio
A prevenção contra
incêndio é um dos tópicos abordados mais importantes na avaliação e
planejamento da proteção de uma coletividade. O termo “prevenção de incêndio”
expressa tanto a educação pública como as medidas de proteção contra incêndio
em um edifício.
A implantação da prevenção de incêndio se faz por meio de
atividades que visam a evitar o surgimento do sinistro, possibilitar sua
extinção e reduzir seus efeitos antes da chegada do Corpo de Bombeiros.
As atividades relacionadas
com a educação consistem no preparo da população, por meio da difusão de idéias
que divulgam as medidas de segurança, para prevenir o surgimento de incêndios
nas ocupações. Buscam, ainda, ensinar os procedimentos a serem adotados pelas
pessoas diante de um incêndio, os cuidados a serem observados com a manipulação
de produtos perigosos e também os perigos das práticas que geram riscos de
incêndio.
As atividades que visam à
proteção contra incêndio dos edifícios podem ser agrupadas em:
1) atividades relacionadas com as exigências
de medidas de proteção contra incêndio nas diversas ocupações;
2) atividades relacionadas com a extinção,
perícia e coleta de dados dos incêndios pelos órgãos públicos, que visam
aprimorar técnicas de combate e melhorar a proteção contra incêndio por meio da
investigação, estudo dos casos reais e estudo quantitativo dos incêndios no
estado de São Paulo.
A proteção contra incêndio deve ser entendida como o
conjunto de medidas para a detecção e
controle do crescimento do incêndio e sua conseqüente contenção ou extinção.
Essas medidas dividem-se
em:
1) medidas ativas de proteção que abrangem a detecção, alarme e extinção
do fogo (automática e/ou manual); e
2) medidas passivas que abrangem o controle
dos materiais, meios de escape, compartimentação e proteção da estrutura do
edifício.
4.1 Objetivos da Prevenção de
Incêndio
Os objetivos da Prevenção
são:
1) a garantia da segurança à vida das pessoas
que se encontrarem no interior de um edifício, quando da ocorrência de um
incêndio;
2) a prevenção da conflagração e propagação do
incêndio, envolvendo todo o edifício;
3) a proteção do conteúdo e a estrutura do
edifício;
4) minimizar os danos materiais de um
incêndio.
Esses objetivos são
alcançados pelo:
1) controle da natureza e da quantidade de
materiais combustíveis constituintes e contidos no edifício;
2) dimensionamento da compartimentação
interna, da resistência ao fogo de seus elementos e do distanciamento entre
edifícios;
3) dimensionamento da proteção e de
resistência ao fogo da estrutura do edifício;
4) dimensionamento de sistemas de detecção e
alarme de incêndio e/ou de sistemas de chuveiros automáticos de extinção de
incêndio e/ou equipamentos manuais para combate;
5) dimensionamento das rotas de escape e dos
dispositivos para controle do movimento da fumaça.
6) controle das fontes de ignição e riscos de
incêndio;
7) acesso para os equipamentos de combate a
incêndio;
8) treinamento de pessoal habilitado a
combater um princípio de incêndio e coordenar o abandono seguro da população de
um edifício;
9) gerenciamento e manutenção dos sistemas de
proteção contra incêndio instalado;
10) controle dos danos ao meio ambiente
decorrente de um incêndio.
5 EMBASAMENTO LEGAL
O Corpo de Bombeiros, para
atuar na área de prevenção, utiliza-se do embasamento jurídico descrito abaixo.
5.1 Constituição Federal
O Estado pode legislar
concorrentemente com a União a respeito do Direito Urbanístico, na área de
prevenção de incêndios (art. 24 Inciso I).
Ao Corpo de Bombeiros,
além das atribuições definidas em Lei, compete a execução das atividades de
Defesa Civil (art. 144 § 5º).
5.2 Constituição Estadual
As atribuições do Corpo de
Bombeiros por meio de Lei Complementar (Lei Orgânica da PM - Art. 23, §U,
inciso 6);
A Lei n. º 616/74
(Organização Básica da PM), no Art. 2º, inciso V, foi recepcionada pela
Constituição e determina que compete à Polícia Militar a realização de serviços
de prevenção e de extinção de incêndio.
5.3 Lei de Convênio
Atualmente, o Corpo de
Bombeiros atua na prevenção de incêndio por meio dos convênios com os municípios,
decorrente de Lei Estadual n. º 684/75.
“Artigo 3º - Os
municípios obrigarão a autorizar o órgão competente do Corpo de Bombeiros, da
Polícia Militar, a pronunciar-se nos processos referentes à aprovação de
projetos e à concessão de alvarás para construção, reforma ou conservação de
imóveis, somente serão aprovados ou expedidos se verificada pelo órgão, a fiel
observância das normas técnicas de prevenção e segurança contra incêndios.
Parágrafo Único -
A autorização de que trata este artigo é extensiva à vistoria para concessão de
alvará de “habite-se” e de funcionamento...”.
6 Cronologia dos principais
incêndios em edifícios altos em São Paulo
6.1 Edifício Andraus
Ocorrido em São Paulo - 24 de Fevereiro de 1972. O Edifício
contém 31 pavimentos de escritórios e lojas. O Incêndio atingiu todos os
andares. Houve 6 vítimas fatais e 329 feridas. O ponto de origem foi no 4º
pavimento, em grande quantidade de material depositado.
6.2 Edifício Joelma
Ocorrido em São Paulo - 01 de Fevereiro de 1974. O edifício
contém 25 pavimentos de escritórios e garagens. O incêndio atingiu todos os
pavimentos. Houve 189 vítimas fatais e 320 feridas. A causa possível foi
um curto-circuito.
6.3 Edifício Grande Avenida
Ocorrido em São Paulo - 14 de Fevereiro de 1981. Pela
segunda vez. O incêndio atingiu 19 pavimentos. Houve 17 vítimas fatais e 53
feridas. A origem foi no subsolo.
6.4 Edifício CESP
Ocorrido em São Paulo - 21 de Maio de 1987. O conjunto tinha 02 blocos, um com 21 pavimentos e outro
com 27 pavimentos. Houve propagação de incêndio entre blocos e, em decorrência,
colapso da estrutura com desabamento parcial.
7 Resumo histórico da evolução da
prevenção no Corpo de Bombeiros
Desde 1909 o Corpo de Bombeiros atua na área de prevenção
de incêndio; naquela data foi editado o “Regulamento para os Locais de
Divertimentos Públicos”.
Em 1936 o Corpo de Bombeiros passa ao Município de São
Paulo, e atua na fiscalização junto com o Departamento de Obras.
Em 1942 surge a primeira Seção Técnica.
Em 1947 pode-se observar a emissão de Atestados de
Vistoria.
Em 1961, surge a primeira Especificação Para Instalações de
Proteção Conta Incêndio, com referência a normas da ABNT.
De 1961 a 1980, o Corpo de Bombeiros atua por meio das
Especificações baixadas pelo Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de
São Paulo, que exigia somente extintores, hidrantes e sinalização de
equipamentos.
Em 1983, surge a primeira Especificação do Corpo de
Bombeiros anexa a um Decreto. Esta Especificação passou a exigir:
1) extintores;
2) sistema de hidrantes;
3) sistema de alarme de incêndio e detecção de
fumaça e calor;
4) sistema de chuveiros automáticos;
5) sistema de iluminação de emergência;
6) compartimentação vertical e horizontal;
7) escadas de segurança;
8) Isolamento de risco;
9) sistemas fixos de Espuma, CO2 e
Halon; e outras proteções.
Em 1993:
1) passou a vigorar o Decreto Estadual 38069;
2) iniciou-se a publicação em Diário Oficial
de Despachos Normativos;
3) foi publicada no Diário Oficial do Estado,
a regulamentação do Sistema de Atividades Técnicas, no que diz respeito ao seu
funcionamento, de forma sistemática das Seções de Atividades Técnicas das
Unidades Operacionais do Corpo de Bombeiros;
4) foi criado um Projeto de Lei Complementar
para instituição do Código Estadual de Proteção Contra Incêndio e Emergência.
8 Conceitos Gerais
8.1 A propagação de fogo,
fumaça e gases quentes no interior das edificações.
8.1.1 Fenômeno Característico
O fogo pode ser definido
como um fenômeno físico-químico onde se tem lugar uma reação de oxidação com
emissão de calor e luz.
Devem co-existir quatro
componentes para que ocorra o fenômeno do fogo:
1) combustível;
2) comburente (oxigênio);
3) calor;
4) reação em cadeia.
Os meios de extinção se
utilizam deste princípio, pois agem por meio da inibição de um dos componentes
para apagar um incêndio.
O combustível pode ser
definido como qualquer substância capaz de produzir calor por meio da reação
química.
O comburente – substância
que alimenta a reação química, sendo mais comum o oxigênio.
O calor pode ser definido
como uma forma de energia que se transfere de um sistema para outro em virtude
de uma diferença de temperatura. Ele se distingue das outras formas de energia
porque, como o trabalho, só se manifesta num processo de transformação.
Podemos, ainda, definir
incêndio como sendo o fogo indesejável, qualquer que seja sua dimensão.
Como foi dito, o
comburente é o oxigênio do ar e sua composição percentual no ar seco, é de
20,99%; os demais componentes são o nitrogênio com 78,03% e outros gases (CO2,
Ar, H2, He, Ne, Kr) com 0,98%.
O calor, por sua vez, pode
ter como fonte a energia elétrica, o cigarro aceso, os queimadores a gás, a
fricção ou mesmo a concentração da luz solar através de uma lente.
O fogo se manifesta
diferentemente em função da composição química do material; mas, por outro
lado, um mesmo material pode queimar de modo diferente em função da sua
superfície específica, das condições de exposição ao calor, da oxigenação e da
umidade contida.
A maioria dos sólidos
combustíveis possui um mecanismo seqüencial para sua ignição. O sólido precisa
ser aquecido, quando desenvolve vapores combustíveis que se misturam com o
oxigênio, formando a mistura inflamável (explosiva), a qual, na presença de uma
pequena chama (mesmo fagulha ou centelha) ou em contato com uma superfície
aquecida acima de 500ºC, igniza-se; aparece então a chama na superfície do
sólido, que fornece mais calor, aquecendo mais materiais e assim
sucessivamente.
Alguns sólidos pirofóricos
(sódio, fósforo, magnésio etc.) não se comportam conforme o mecanismo acima
descrito.
Os líquidos inflamáveis e
combustíveis possuem mecanismos semelhantes, ou seja, o líquido, ao ser
aquecido, vaporiza-se e o vapor se mistura com o oxigênio, formando a
"mistura inflamável" (explosiva) que na presença de uma pequena chama
(mesmo fagulha ou centelha) ou em contato com superfícies aquecidas acima de
500ºC, ignizam-se e aparece então a chama na superfície do líquido, que aumenta
a vaporização e a chama. A quantidade de chama fica limitada à capacidade de
vaporização do liquido.
Os líquidos são
classificados pelo seu ponto de fulgor, ou seja, pela menor temperatura na qual
liberam uma quantidade de vapor que ao contato com uma chama produz um lampejo
(uma queima instantânea).
Existe, entretanto, uma
outra classe de líquidos, denominados instáveis ou reativos, cuja
característica é de se polimerizar, decompor ou condensar violentamente ou
ainda, de se tornar auto-reativo sob condições de choque, pressão ou
temperatura, podendo desenvolver grande quantidade de calor.
A mistura inflamável vapor-ar (gás-ar) possui uma
faixa ideal de concentração para se tornar inflamável ou explosiva, e os
limites dessa faixa são denominados limite inferior de inflamabilidade e limite
superior de inflamabilidade, expressos em porcentagem ou volume. Estando a
mistura fora desses limites não ocorrerá a ignição.
Os materiais sólidos não queimam por mecanismos tão
precisos e característicos como os dos líquidos e gases.
Nos materiais sólidos, a área especifica é um fator
importante para determinar sua razão de queima, ou seja, a quantidade do
material queimado na unidade de tempo, que está associado à quantidade de calor
gerado e, portanto, à elevação da temperatura do ambiente. Um material sólido
com igual massa e com área específica diferente, por exemplo, de 1 m2
e 10 m2, queima em tempos inversamente proporcionais; porém, libera
a mesma quantidade de calor. No entanto, a temperatura atingida no segundo caso
será bem maior.
Por outro lado, não se pode afirmar que isto é sempre
verdade, no caso da madeira, observa-se que, quando apresentada em forma de
serragem, ou seja, com áreas especificas grandes, não se queima com grande
rapidez.
Comparativamente, a madeira em forma de pó pode formar uma
mistura explosiva com o ar, comportando-se desta maneira como um gás que possui
velocidade de queima muito grande.
No mecanismo de queima dos materiais sólidos temos a
oxigenação como um outro fator de grande importância.
Quando a concentração em volume de oxigênio no ambiente cai
para valores abaixo de 14%, a maioria dos materiais combustíveis existentes no
local não mantém a chama na sua superfície.
A duração do fogo é limitada pela quantidade de ar e do
material combustível no local. O volume de ar existente numa sala de 30 m2
irá queimar 7,5 kg de madeira, portanto o ar necessário para a alimentação do
fogo dependerá das aberturas existentes na sala.
Vários pesquisadores (Kawagoe, Sekine, Lie) estudaram o
fenômeno, e a equação apresentada por Lie é:
V' = a H’ B Vm
Onde:
V' = vazão do ar introduzido;
a = coeficiente de descarga;
H'= altura da seção do vão de ventilação
abaixo do plano neutro;
B = largura do vão;
Vm = velocidade média do ar;
Considerando
L o volume de ar necessário para a queima completa de kg de madeira, a taxa
máxima de combustão será dada por V’/L, isto é:
V' aH'BV'm


Da taxa de combustão ou queima, segundo os
pesquisadores, pode-se definir a seguinte expressão representando a quantidade
de peso de madeira equivalente, consumida na unidade de tempo:
![]() |
R =
C Av H
onde:
R = taxa de queima (kg/min);
C = Constante = 5,5 Kg/mim m5/2;
Av = HB = área da seção de
ventilação (m2);
H = altura da seção (m);
![]() |

Quando houver mais de uma abertura de ventilação,
deve-se utilizar um fator global igual a:
![]() |

A razão de queima em função da abertura fica,
portanto:
![]() |

![]() |

Esta equação diz que o formato da seção tem grande
influência. Por exemplo, para uma abertura de 1,6 m2 (2,0 x 0,8 m)
teremos:
Sendo:
2,0 m a largura R1 = 7,9 kg/min;
2,0 m a altura
R2 =12,4 kg/min;
Por outro lado, se numa
área de piso de 10 m2 existir 500 kg de material combustível
expresso em equivalente em madeira, ou seja, se a carga de incêndio específica
for de 50 kg/m² e a razão de queima devido à abertura para ventilação tiver o
valor de R1 e R2 acima calculado, então a duração da queima será respectivamente
de 40 min e 63 min.
O cálculo acima tem a
finalidade de apresentar o princípio para determinação da duração do incêndio
real; não busca determinar o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF) das
estruturas.
Este cálculo é válido
somente para uma abertura enquanto as outras permanecem fechadas (portas ou
janelas); caso contrário, deve-se redimensionar a duração do incêndio para uma
nova ventilação existente.
8.1.2 Evolução de um Incêndio
A evolução do incêndio em
um local pode ser representada por um ciclo com três fases características:
1) Fase inicial de elevação progressiva da
temperatura (ignição);
2) Fase de aquecimento;
3) Fase de resfriamento e extinção;
A primeira fase inicia-se
como ponto de inflamação inicial e caracteriza-se por grandes variações de
temperatura de ponto a ponto, ocasionadas pela inflamação sucessiva dos objetos
existentes no recinto, de acordo com a alimentação de ar.
Normalmente os materiais
combustíveis (materiais passíveis de se ignizarem) e uma variedade de fontes de
calor coexistem no interior de uma edificação.
A manipulação acidental
destes elementos é, potencialmente, capaz de criar uma situação de perigo.
Os focos de incêndio,
deste modo, originam-se em locais onde fonte de calor e materiais combustíveis
são encontrados juntos, de tal forma que ocorrendo a decomposição do material
pelo calor são desprendidos gases que podem se inflamar.
Considerando-se que
diferentes materiais combustíveis necessitam receber diferentes níveis de
energia térmica para que ocorra a ignição é necessário que as perdas de calor
sejam menores que a soma de calor proveniente da fonte externa e do calor
gerado no processo de combustão.
Neste sentido, se a fonte
de calor for pequena, ou a massa do material a ser ignizado for grande, ou,
ainda, a sua temperatura de ignição for muito alta, somente irão ocorrer danos
locais sem a evolução do incêndio.
Se a ignição definitiva
for alcançada, o material continuará a queimar desenvolvendo calor e produtos
de decomposição. A temperatura subirá progressivamente, acarretando a
acumulação de fumaça e outros gases e vapores junto ao teto.
Há, neste caso, a
possibilidade de o material envolvido queimar totalmente sem proporcionar o
envolvimento do resto dos materiais contidos no ambiente ou dos materiais
constituintes dos elementos da edificação. De outro modo, se houver caminhos
para a propagação do fogo, através de convecção ou radiação, em direção aos materiais
presentes nas proximidades, ocorrerá simultaneamente à elevação da temperatura
do recinto e o desenvolvimento de fumaça e gases inflamáveis.
Nesta fase, pode haver comprometimento da
estabilidade da edificação devido à elevação da temperatura nos elementos
estruturais.
Com a evolução do incêndio
e a oxigenação do ambiente, através de portas e janelas, o incêndio ganhará
ímpeto; os materiais passarão a ser aquecidos por convecção e radiação
acarretando um momento denominado de “inflamação generalizada – Flash Over”, que se caracteriza pelo
envolvimento total do ambiente pelo fogo e pela emissão de gases inflamáveis
através de portas e janelas, que se queimam no exterior do edifício.
Neste momento torna-se
impossível a sobrevivência no interior do ambiente.
O tempo gasto para o
incêndio alcançar o ponto de Inflamação generalizada é relativamente curto e
depende, essencialmente, dos revestimentos e acabamentos utilizados no ambiente
de origem, embora as circunstâncias em que o fogo comece a se desenvolver
exerçam grande influência.
A possibilidade de um foco
de incêndio extinguir ou evoluir para um grande incêndio depende, basicamente
dos seguintes fatores:
1) quantidade, volume e espaçamento dos
materiais combustíveis no local;
2) tamanho e situação das fontes de combustão;
3) área e locação das janelas;
4) velocidade e direção do vento;
5) a forma e dimensão do local.
Pela radiação emitida por
forros e paredes, os materiais combustíveis que ainda não queimaram, são
pré-aquecidos à temperatura próxima da sua temperatura de ignição.
As chamas são bem visíveis no local.
Se estes fatores criarem
condições favoráveis ao crescimento do fogo, a inflamação generalizada irá
ocorrer e todo o compartimento será envolvido pelo fogo.
A partir dai, o incêndio
irá se propagar para outros compartimentos da edificação seja por convecção de
gases quentes no interior da casa ou através do exterior, na medida em que as
chamas que saem pelas aberturas (portas e janelas) podem transferir fogo para o
pavimento superior, quando este existir, principalmente através das janelas
superiores.
A fumaça, que já na fase
anterior à Inflamação generalizada, pode ter-se espalhado no interior da
edificação, se intensifica e se movimenta perigosamente no sentido ascendente,
estabelecendo em instantes, condições críticas para a sobrevivência na
edificação.
Caso a proximidade entre
as fachadas da edificação incendiada e as adjacentes possibilite a incidência
de intensidades críticas de radiação, o incêndio poderá se propagar para outras
habitações, configurando uma conflagração.
A proximidade ainda maior
entre habitações pode estabelecer uma situação ainda mais crítica para a
ocorrência da conflagração na medida em que o incêndio se alastrar muito
rapidamente por contato direto das chamas entre as fachadas.
No caso de habitações
agrupadas em bloco, a propagação do incêndio entre unidades poderá se dar por
condução de calor via paredes e forros, por destruição destas barreiras, ou
ainda, através da convecção de gases quentes que venham a penetrar por
aberturas existentes.
Com o consumo do
combustível existente no local ou decorrente da falta de oxigênio, o fogo pode
diminuir de intensidade, entrando na fase de resfriamento e conseqüente
extinção.
8.1.3 Formas de propagação de
incêndio
O calor e os incêndios se propagam por três maneiras
fundamentais:
1) por condução, ou seja, através de um material
sólido de uma região de temperatura elevada em direção a uma outra região de
baixa temperatura;
2) por convecção, ou seja, por meio de um
fluido líquido ou gás, entre dois corpos submersos no fluido, ou entre um corpo
e o fluido;
3) por radiação, ou seja, por meio de um gás
ou do vácuo, na forma de energia radiante.
Num incêndio as três
formas geralmente são concomitantes, embora em determinado momento uma delas
seja predominante.
8.1.4 A influência do conteúdo
combustível (carga de incêndio)
O desenvolvimento e a
duração de um incêndio são influenciados pela quantidade de combustível a
queimar.
Com ele, a duração decorre
dividindo-se a quantidade de combustível pela taxa ou velocidade de combustão.
Portanto, pode-se definir
um parâmetro que exprime o poder calorífico médio da massa de materiais
combustíveis por unidade de área de um local, que se denomina carga de incêndio
específica (ou térmica) unitária (fire
load density).
Na carga de incêndio estão
incluídos os componentes de construção, tais como revestimentos de piso, forro,
paredes, divisórias etc. (denominada carga de incêndio incorporada), mas também
todo o material depositado na edificação, tais como peças de mobiliário,
elementos de decoração, livros, papéis, peças de vestiário e materiais de
consumo (denominada carga de incêndio temporal).
8.1.5 A influência da ventilação
Durante um incêndio o
calor emana gases dos materiais combustíveis que podem, em decorrência da
variação de temperatura interna e externa a edificação, ser mais ou menos
densos que o ar.
Esta diferença de
temperatura provoca um movimento ascensional dos gases que são paulatinamente
substituídos pelo ar que adentra à edificação por meio das janelas e portas.
Disto ocorre uma constante
troca entre o ambiente interno e externo, com a saída dos gases quentes e
fumaça e a entrada de ar.
Em um incêndio ocorrem
dois casos típicos, que estão relacionados com a ventilação e com a quantidade
de combustível em chama.
No primeiro caso, no qual
a vazão de ar que adentra ao interior da edificação incendiada for superior á
necessidade da combustão dos materiais, temos um fogo aberto, aproximando-se a
uma queima de combustível ao ar livre, cuja característica será de uma
combustão rápida.
No segundo caso, no qual a
entrada de ar é controlada, ou deficiente em decorrência de pequenas aberturas
externas, temos um incêndio com duração mais demorada, cuja queima é controlada
pela quantidade de combustível, ou seja, pela carga-incêndio. Na qual a
estrutura da edificação estará sujeita a temperaturas elevadas por um tempo
maior de exposição, até que ocorra a queima total do conteúdo do edifício.
Em resumo, a taxa de
combustão de um incêndio pode ser determinada pela velocidade do suprimento de
ar, estando implicitamente relacionada com a quantidade de combustível e sua
disposição da área do ambiente em chamas e das dimensões das aberturas.
Deste conceito decorre a
importância da forma e quantidade de aberturas em uma fachada.
8.1.6 Mecanismos de movimentação
dos gases quentes
Quando se tem um foco de
fogo num ambiente fechado, numa sala, por exemplo, o calor destila gases
combustíveis do material e há ainda a formação de outros gases devido à
combustão dos gases destilados.
Estes gases podem ser mais
ou menos densos de acordo com a sua temperatura, a qual é sempre maior do que e
ambiente e, portanto, possuem uma força de flutuação com movimento ascensional
bem maior que o movimento horizontal.
Os gases quentes vão-se
acumulando junto ao forro e se espalhando por toda a camada superior do
ambiente, penetrando nas aberturas existentes no local.
Os gases quentes, assim
como a fumaça, gerados por uma fonte de calor (material em combustão), fluem no
sentido ascendente com formato de cone Invertido. Esta figura é denominada
"Plume".
Onde:
Q = taxa de desenvolvimento de calor de fonte;
Z = distância entre e fonte e a base do “plume”;
U = velocidade do ar na região do "plume";
V = volume do "plume";
Ćا = diferença de temperatura
entre o "plume” e o ambiente;
T = temperatura do gás;
v = massa especifica;
Cp = calor específico.
De acordo com a quantidade
de materiais combustíveis, da sua disposição, da área e volume do local e das
dimensões das aberturas, a taxa de queima pode ser determinada pela velocidade
de suprimento do ar.
Entretanto, quando a vazão
do ar for superior às necessidades da combustão, então a taxa de queima não
será mais controlada por este mecanismo, aproximando-se, neste caso, à
combustão do material ao ar livre.
No Incêndio, devido ao
alto nível de energia a que ficam expostos, os materiais destilam gases
combustíveis que não queimam no ambiente, por falta de oxigênio. Estes gases
superaquecidos, com temperaturas muito superiores às de sua auto-ignição,
saindo pelas aberturas, encontram o oxigênio do ar externo ao ambiente e se
ignizam formando grandes labaredas.
As chamas assim formadas
são as responsáveis pela rápida propagação vertical nos atuais edifícios que
não possuem sistemas para evitá-las.
8.1.7 “A fumaça” – Um problema
sério a ser considerado
8.1.7.1 Efeitos da fumaça
Associadas ao incêndio e
acompanhando o fenômeno da combustão, aparecem, em geral, quatro causas
determinantes de uma situação perigosa:
1) calor;
2) chamas;
3) fumaça;
4) insuficiência de oxigênio.
Do ponto de vista de
segurança das pessoas, entre os quatro fatores considerados, a fumaça
indubitavelmente causa danos mais greves, e, portanto, deve ser o fator mais
importante a ser considerado.
A fumaça pode ser definida
como uma mistura complexa de sólidos em suspensão, vapores e gases,
desenvolvida quando um material sofre o processo de pirólise (decomposição por
efeito do calor) ou combustão.
Os componentes desta
mistura, associados ou não, influem diferentemente sobre as pessoas,
ocasionando os seguintes efeitos:
1) diminuição da visibilidade devido à
atenuação luminosa do local;
2) lacrimejamento e irritações dos olhos;
3) modificação de atividade orgânica pela
aceleração da respiração e batidas cardíacas;
vômitos e tosse:
4) medo;
5) desorientação;
6) Intoxicação e asfixia.
A redução da visibilidade
do local impede e locomoção das pessoas fazendo com que fiquem expostas por
tempo maior aos gases e vapores tóxicos. Estes, por sua vez, causam a morte se
estiverem presentes em quantidade suficiente e se as pessoas ficarem expostas
durante o tempo que acarreta esta ação.
Daí decorre a importância
em se entender o comportamento da fumaça em uma edificação.
A propagação da fumaça
está diretamente relacionada com a taxa de elevação da temperatura; portanto, a
fumaça desprendida por qualquer material, desde que exposta à mesma taxa de
elevação da temperatura, gerará igual propagação.
Se conseguirmos determinar
os valores de densidade ótica da fumaça e da toxicidade na saída de um ambiente
sinistrado, poderemos estudar o movimento do fluxo de ar quente e, então, será
possível determinar o tempo e a área do edifício que se tornará perigosa,
devido à propagação da fumaça.
Assim, se conseguirmos
determinar o valor de Q e se utilizarmos as características do
"Plume" (V, g, Q, y, Cp, T), prognosticando a formação da camada de
fumaça dentro do ambiente, será possível calcular o tempo em que este ambiente
se tornará perigoso. De outro modo, se o volume V de fumaça se propagar em
pouco tempo por toda a extensão do forro e se fizermos com que Q seja uma
função de tempo, o cálculo do valor de Z pode ser obtido em função do tempo e
esta equação diferencial pode ser resolvida. Isto permitirá determinar o tempo
necessário para evacuar o ambiente, antes que a fumaça atinja a altura de um
homem.
A movimentação da fumaça
através de corredores e escadas dependerá, sobretudo das aberturas existentes e
da velocidade do ar nestes locais, porém, se o mecanismo de locomoção for
considerado em relação às características do "Plume", pode-se, então,
estabelecer uma correlação com o fluxo de água. Em casos em que exista um
exaustor de seção quadrada menor que e largura do corredor; e se a fumaça vier
fluindo em sua direção, parte desta fumaça será exaurida e grande parte passará
direta e continuará fluindo para o outro lado. No entanto, se o fluxo de fumaça
exaurir-se através de uma abertura que possua largura igual à do corredor, a
fumaça será retirada totalmente.
Foi verificado que quanto
mais a fumaça se alastrar, menor será a espessura de sua camada, e que a
velocidade de propagação de fumaça na direção horizontal, no caso dos corredores,
está em torno de 1 m/s, e na direção vertical, no caso das escadas, está entre
2 m/s e 3 m/s.
8.1.8 Processo de Controle de
Fumaça
O processo de Controle de Fumaça
necessário em cada edifício para garantir a segurança de seus ocupantes contra
o fogo e fumaça é baseado nos princípios de engenharia. O processo deve ter a
flexibilidade e a liberdade de seleção de método e da estrutura do sistema de
segurança para promover os requisitos num nível de segurança que se deseja.
Em outras palavras, o objetivo do
projeto da segurança de prevenção ao fogo (fumaça) é obter um sistema que
satisfaça as conveniências das atividades diárias, devendo ser econômico,
garantindo a segurança necessária sem estar limitado por método ou estruturas
especiais prefixados.
Existem vários meios para controlar
o movimento da fumaça, e todos eles têm por objetivo encontrar um meio ou um
sistema levando-se em conta as características de cada edifício.
Como condições que tem grande
efeito sobre o movimento da fumaça no edifício, podem-se citar:
1) momento
(época do ano) da ocorrência do incêndio;
2) condições
meteorológicas (direção e velocidade e coeficiente de pressão do vento e
temperatura do ar);
3) localização
do início do fogo;
4) resistência
ao fluxo do ar das portas, janelas, dutos e chaminés;
5) distribuição
da temperatura no edifício (ambiente onde está ocorrendo o fogo, compartimentos
em geral, caixa da escada, dutos e chaminés).
Devem-se estabelecer os
padrões para cada uma destas condições.
Entende-se como momento de
ocorrência do incêndio a época do ano (verão/inverno) em que isto possa
ocorrer, pois, para o cálculo, deve-se levar em conta a diferença de
temperatura existente entre o ambiente interno e o externo ao edifício. Esta
diferença será grande, caso sejam utilizados aquecedores ou ar condicionado no
edifício.
As condições
meteorológicas devem ser determinadas pelos dados estatísticos meteorológicos
da região na qual está situado o edifício, para as estações quentes e frias.
Pode-se determinar a
temperatura do ar, a velocidade do vento, coeficiente de pressão do vento e a
direção do vento.
O andar do prédio onde se
iniciou o incêndio deve ser analisado, considerando-se o efeito da ventilação
natural (movimento ascendente ou descendente da fumaça) através das aberturas
ou dutos durante o período de utilização, ou seja, no inverno o prédio é
aquecido e no verão, resfriado. Considerando-se esses dados, os estudos devem
ser levados a efeito nos andares inferiores no inverno (térreo, sobreloja e
segundo andar) ou nos andares superiores e inferiores no verão (os dois últimos
andares do prédio e térreo).
Em muitos casos, existem
andares que possuem características perigosas, pois propiciam a propagação de
fumaça caso ocorra incêndio neste local. Em adição, para tais casos, é
necessário um trabalho mais aprofundado para estudar as várias situações de
mudança das condições do andar, por exemplo, num edifício com detalhes
especiais de construção.
Com relação ao
compartimento de origem do fogo, devem-se levar em consideração os seguintes
requisitos para o andar em questão:
1) compartimento densamente ocupado, com
ocupações totalmente distintas;
2) o compartimento apresenta grande
probabilidade de iniciar o incêndio;
3) o compartimento possui características de
difícil controle da fumaça.
Quando existirem vários
compartimentos que satisfaçam estas condições, devem-se fazer estudos em cada
um deles, principalmente se as medidas de controle de fumaça determinadas
levarem a resultados bastante diferentes.
O valor da resistência ao
fluxo do ar das aberturas à temperatura ambiente pode ser facilmente obtido a
partir de dados de projeto de ventilação, porém é muito difícil estimar as
condições das aberturas das janelas e portas numa situação de incêndio.
Para se determinar as
temperaturas dos vários ambientes do edifício deve-se considerar que os mesmos
não sofreram modificações com o tempo.
A temperatura média no
local do fogo é considerada 900ºC com o Incêndio totalmente desenvolvido no
compartimento.
Medidas de Segurança Conta Incêndio
9 Proteção Passiva
9.1.1 Isolamento de Risco.
A Propagação do incêndio
entre edifícios isolados pode se dar através dos seguintes mecanismos:
1) Radiação térmica, emitida:
a) através das aberturas existentes na fachada
do edifício incendiado;
b) através da cobertura do edifício
incendiado;
c) pelas chamas que saem pelas aberturas na
fachada ou pela cobertura;
d) pelas chamas desenvolvidas pela própria
fachada, quando esta for composta por materiais combustíveis;
2) Convecção, que ocorre quando os gases
quentes emitidos pelas aberturas existentes na fachada ou pela cobertura do
edifício incendiado atinjam a fachada do edifício adjacente;
3) Condução, que ocorre quando as chamas da
edificação ou parte da edificação contígua a uma outra, atingem a esta
transmitindo calor e incendiando a mesma;
Desta forma há duas
maneiras de isolar uma edificação em relação à outra. São:
1) por meio de distanciamento seguro
(afastamento) entre as fachadas das edificações;
2) por meio de barreiras estanques entre
edifícios contíguos;
Com a previsão das paredes
corta-fogo, uma edificação é considerada totalmente estanque em relação à
edificação contígua.
O distanciamento seguro
entre edifícios pode ser obtido por meio de uma distância mínima horizontal
entre fachadas de edifícios adjacentes, capaz de evitar a propagação de
incêndio entre os mesmos, decorrente do calor transferido por radiação térmica
através da fachada e/ou por convecção através da cobertura.
Em ambos os casos, o
incêndio irá se propagar, ignizando através das aberturas, os materiais
localizados no interior dos edifícios adjacentes e/ou ignizando materiais
combustíveis localizados em suas próprias fachadas.
9.1.2 Compartimentação vertical e
horizontal
A partir da ocorrência de
inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio, este poderá
propagar-se para outros ambientes através dos seguintes mecanismos principais:
1) convecção de gases quentes dentro do
próprio edifício;
2) convecção dos gases quentes que saem pelas
janelas (incluindo as chamas) capazes de transferir o fogo para pavimentos
superiores;
3) condução de calor através das barreiras
entre compartimentos;
4) destruição destas barreiras.
Frente à necessidade de
limitação da propagação do incêndio, a principal medida a ser adotada consiste
na compartimentação, que visa dividir o edifício em células capacitadas a
suportar a queima dos materiais combustíveis nelas contidos, impedindo o
alastramento do incêndio.
Os principais propósitos
da compartimentação são:
1) conter o fogo em seu ambiente de origem;
2) manter as rotas de fuga seguras contra os
efeitos do incêndio;
3) facilitar as operações de resgate e combate
ao incêndio.
A capacidade dos elementos construtivos de suportar a ação do incêndio
denomina-se “resistência ao fogo” e se refere ao tempo durante o qual conservam
suas características funcionais (vedação e/ou estrutural).
O método utilizado para determinar a resistência ao fogo consiste em
expor um protótipo (reproduzindo tanto quanto possível as condições de uso do
elemento construtivo no edifício), a uma elevação padronizada de temperatura em
função do tempo.
Ao longo do tempo são feitas medidas e observações para determinar o
período no qual o protótipo satisfaz a determinados critérios relacionados com
a função do elemento construtivo no edifício.
O protótipo do elemento de compartimentação deve obstruir a passagem do
fogo mantendo, obviamente, sua integridade (recebe por isto a denominação de
corta-fogo).
A elevação padronizada de temperatura utilizada no método para
determinação da resistência ao fogo constitui-se em uma simplificação das
condições encontradas nos incêndios e visa reproduzir somente a fase de
inflamação generalizada.
Deve-se ressaltar que, de acordo com a situação particular do ambiente
incendiado, irão ocorrer variações importantes nos fatores que determinam o
grau de severidade de exposição, que são:
1) duração da fase de inflamação generalizada;
2) temperatura média dos gases durante esta
fase;
3) fluxo de calor médio através dos elementos
construtivos.
Os valores de resistência
ao fogo a serem requeridos para a compartimentação na Especificação foram
obtidos tomando-se por base:
1) a severidade (relação temperatura x tempo)
típica do incêndio;
2) a severidade obtida nos ensaios de
resistência ao fogo.
A severidade típica do
incêndio é estimada de acordo com a variável ocupação (natureza das atividades
desenvolvidas no edifício).
A compartimentação
horizontal se destina a impedir a propagação do incêndio de forma que grandes
áreas sejam afetadas, dificultando sobremaneira o controle do incêndio,
aumentando o risco de ocorrência de propagação vertical e aumentando o risco à
vida humana.
A compartimentação
horizontal pode ser obtida através dos seguintes dispositivos:
1) paredes e portas corta-fogo;
2) registros corta-fogo nos dutos que
traspassam as paredes corta-fogo;
3) selagem corta-fogo da passagem de cabos
elétricos e tubulações das paredes corta-fogo;
afastamento horizontal entre janelas de
setores compartimentados.
A compartimentação
vertical se destina a impedir o alastramento do incêndio entre andares e assume
caráter fundamental para o caso de edifícios altos em geral.
A compartimentação
vertical deve ser tal que cada pavimento componha um compartimento isolado,
para isto são necessários:
1) lajes corta-fogo;
2) enclausuramento das escadas através de
paredes e portas corta-fogo;
3) registros corta-fogo em dutos que
intercomunicam os pavimentos;
4) selagem corta-fogo de passagens de cabos
elétricos e tubulações, através das lajes;
5) utilização de abas verticais (parapeitos)
ou abas horizontais projetando-se além da fachada, resistentes ao fogo e
separando as janelas de pavimentos consecutivos (neste caso é suficiente que
estes elementos mantenham suas características funcionais, obstruindo desta
forma a livre emissão de chamas para o exterior).
9.1.3 Resistência ao fogo das
estruturas
Uma vez que o incêndio
atingiu a fase de inflamação generalizada, os elementos construtivos no entorno
de fogo estarão sujeitos à exposição de intensos fluxos de energia térmica.
A capacidade dos elementos
estruturais de suportar por determinado período tal ação, que se denomina de
resistência ao fogo, permite preservar a estabilidade estrutural do edifício.
Durante o incêndio a
estrutura do edifício como um todo estará sujeita a esforços decorrentes de
deformações térmicas, e os seus materiais constituintes estarão sendo afetados
(perdendo resistência) por atingir temperaturas elevadas.
O efeito global das
mudanças promovidas pelas altas temperaturas alcançadas nos incêndios sobre a
estrutura do edifício, traduz-se na diminuição progressiva da sua capacidade
portante.
Durante este processo pode
ocorrer que, em determinado instante, o esforço atuante em uma seção se iguale
ao esforço resistente, podendo ocorrer o colapso do elemento estrutural.
Os objetivos principais de
garantir a resistência ao fogo dos elementos estruturais são:
1) Possibilitar a saída dos ocupantes da
edificação em condições de segurança;
2) Garantir condições razoáveis para o emprego
de socorro público, onde se permita o acesso operacional de viaturas,
equipamentos e seus recursos humanos, com tempo hábil para exercer as atividades
de salvamento (pessoas retidas) e combate a incêndio (extinção);
3) Evitar ou minimizar danos ao próprio
prédio, a edificações adjacentes, à infra-estrutura pública e ao meio ambiente.
Em suma, as estruturas dos
edifícios, principalmente as de grande porte, independentemente dos materiais
que as constituam, devem ser dimensionadas, de forma a possuírem resistência ao
fogo compatível com a magnitude do incêndio que possam vir a ser submetidas.
9.1.4 Revestimento dos materiais
Embora os materiais combustíveis contidos no edifício e
constituintes do sistema construtivo possam ser responsáveis pelo início do
incêndio, muito freqüentemente são os materiais contidos no edifício que se
ignizam em primeiro lugar.
À medida que as chamas se
espalham sobre a superfície do primeiro objeto ignizado e, talvez, para outros
objetos contíguos, o processo de combustão torna-se mais fortemente
influenciado por fatores característicos do ambiente.
Se a disponibilidade de ar for assegurada, a temperatura do
compartimento subirá rapidamente e uma camada de gases quentes se formará
abaixo do teto, sendo que intensos fluxos de energia térmica radiante se
originarão, principalmente, a partir do teto aquecido. Os materiais
combustíveis existentes no compartimento, aquecidos por convecção e radiação,
emitirão gases inflamáveis. Isto levará a uma inflamação generalizada e todo o
ambiente tornar-se-á envolvido pelo fogo, sendo que e os gases que não queimam
serão emitidos pelas aberturas do compartimento.
A possibilidade de um foco de incêndio extinguir-se ou
evoluir em um grande incêndio (atingir a fase de inflamação generalizada)
depende de três fatores principais:
1) Razão de desenvolvimento de calor pelo
primeiro objeto ignizado;
2) Natureza, distribuição e quantidade de
materiais combustíveis no compartimento incendiado;
3) Natureza das superfícies dos elementos
construtivos sob o ponto de vista de sustentar a combustão a propagar as
chamas.
Os dois primeiros fatores dependem largamente dos materiais
contidos no compartimento. O primeiro está absolutamente fora do controle do
projetista. Sobre o segundo é possível conseguir-se no máximo, um controle
parcial. O terceiro fator está, em grande medida, sob o controle do projetista,
que pode adicionar minutos preciosos ao tempo da ocorrência da inflamação
generalizada, pela escolha criteriosa dos materiais de revestimento.
Quando os materiais de revestimento são expostos a uma
situação de início de incêndio, a contribuição que possa vir a trazer para o
seu desenvolvimento, ao sustentar a combustão, e possibilitar a propagação
superficial das chamas, denomina-se “reação ao fogo”. As características de
reação ao fogo dos materiais, utilizadas como revestimento dos elementos
construtivos, podem ser avaliadas em laboratórios, obtendo-se assim subsídios
para a seleção dos materiais na fase de projeto da edificação.
Os métodos de ensaio utilizados em laboratório para estas
avaliações estipulam condições padronizadas a que os materiais devem ser
expostos, que visam a reproduzir certas situações críticas, características dos
incêndios antes de ocorrência de inflamação generalizada. O desempenho que a
superfície de um elemento construtivo deve apresentar, para garantir um nível
mais elevado de segurança contra incêndio, deve ser retirado de uma correlação
entre os índices ou categorias obtidos nos ensaios e a função do elemento
construtivo (conseqüentemente, sua provável influência no incêndio).
A influência de determinado elemento construtivo na
evolução de um incêndio se manifesta de duas maneiras distintas.
A primeira delas se refere à posição relativa do elemento
no ambiente, por exemplo, a propagação de chamas na superfície inferior do
forro é fator comprovadamente mais crítico para o desenvolvimento do incêndio
do que a propagação de chamas no revestimento do piso, pois a transferência de
calor, a partir de um foco de incêndio, é, em geral muito mais intensa no
forro; neste sentido o material de revestimento do forro deve apresentar um
melhor desempenho nos ensaios de laboratório.
O outro tipo de influência se deve ao local onde o material
está instalado: por exemplo, a propagação de chamas no forro posicionado nas
proximidades das janelas, em relação ao forro afastado das janelas, a fator
acentuadamente mais crítico para a transferência do incêndio entre pavimentos,
pois além de sua eventual contribuição para a emissão de chamas para o
exterior, estará mais exposto (quando o incêndio se desenvolver em um pavimento
inferior) a gases quentes e chamas emitidas através das janelas inferiores.
Algo semelhante se dá em relação à propagação do incêndio entre edifícios, onde
os materiais combustíveis incorporados aos elementos construtivos nas
proximidades das fachadas podem facilitar a propagação do incêndio entre
edifícios.
Os dois métodos de ensaio básicos para avaliar as
características dos materiais constituintes do sistema construtivo, sob o ponto
de vista de sustentar a combustão e propagar as chamas, são os seguintes;
1) Ensaio de incombustibilidade que
possibilitam verificar se os materiais são passíveis de sofrer a ignição e,
portanto, estes ensaios possuem capacidade de contribuir para a evolução da
prevenção de incêndio;
2) Ensaio da propagação superficial de chamas,
por meio do qual os materiais passíveis de se ignizarem (materiais combustíveis
de revestimento) podem ser classificados com relação à rapidez de propagação
superficial de chamas e a quantidade de calor desenvolvido neste processo.
Uma outra característica que os materiais incorporados aos
elementos construtivos apresentam, diz respeito a fumaça que podem desenvolver
à medida em que são expostos a uma situação de início de incêndio. Em função da
quantidade de fumaça que podem produzir e da opacidade desta fumaça, os
materiais incorporados aos elementos construtivos podem provocar empecilhos
importantes à fuga das pessoas e ao combate do incêndio.
Para avaliar esta característica deve-se utilizar o método
de ensaio para determinação da densidade ótica da fumaça produzida na combustão
ou pirólise dos materiais.
O controle da quantidade de materiais combustíveis
incorporados aos elementos construtivos apresenta dois objetivos distintos. O
primeiro é dificultar a ocorrência da inflamação generalizada no local em que o
incêndio se origina. O segundo, considerando que a inflamação generalizada
tenha ocorrido, é limitar a severidade além do ambiente em que se originou.
Com relação ao primeiro objetivo, a utilização intensiva de
revestimentos combustíveis capazes de contribuir para o desenvolvimento do
incêndio ao sofrerem a ignição e ao levar as chamas para outros objetos
combustíveis além do material / objeto onde o fogo se iniciou.
Com relação ao segundo objetivo, quanto maior for a
quantidade de materiais combustíveis envolvidos no incêndio maior severidade
este poderá assumir, aumentando assim o seu potencial de causar danos e a possibilidade
de se propagar para outros ambientes do edifício.
O método para avalizar a
quantidade de calor com que os materiais incorporados aos elementos
construtivos podem contribuir para o desenvolvimento do incêndio é denominado
“ensaio para determinação do calor potencial”.
9.2 Meios de Fuga
9.2.1Saída de emergência
Para salvaguardar a vida
humana em caso de incêndio é necessário que as edificações sejam dotadas de meios
adequados de fuga, que permitam aos ocupantes se deslocarem com segurança para
um local livre da ação do fogo, calor e fumaça, a partir de qualquer ponto da
edificação, independentemente do local de origem do incêndio.
Além disso, nem sempre o
incêndio pode ser combatido pelo exterior do edifício, decorrente da altura do
pavimento onde o fogo se localiza ou pela extensão do pavimento (edifícios
térreos).
Nestes casos, há a
necessidade da brigada de incêndio ou do Corpo de Bombeiros de adentrar ao edifício
pelos meios internos a fim de efetuar ações de salvamento ou combate.
Estas ações devem ser
rápidas e seguras, e normalmente utilizam os meios de acesso da edificação, que
são as próprias saídas de emergência ou escadas de segurança utilizadas para a
evacuação de emergência,
Para isto ser possível as
rotas de fuga devem atender, entre outras, as seguintes condições básicas:
9.2.2 Número de saídas:
O número de saídas difere para os
diversos tipos de ocupação, em função da altura, dimensões em planta e
características construtivas.
Normalmente o número mínimo de
saídas consta de códigos e normas técnicas que tratam do assunto.
9.2.3 Distância a percorrer:
A distância máxima a
percorrer consiste no caminhamento entre o ponto mais distante de um pavimento
até o acesso a uma saída neste mesmo pavimento.
Da mesma forma como o item
anterior, essa distância varia conforme o tipo de ocupação e as características
construtivas do edifício e a existência de chuveiros automáticos como proteção.
Os valores máximos
permitidos constam dos textos de códigos e normas técnicas que tratam do
assunto.
9.2.4 Largura das escadas de
segurança e das rotas de fuga horizontais.
O número previsto de
pessoas que deverão usar as escadas e rotas de fuga horizontais é baseado na
lotação da edificação, calculada em função das áreas dos pavimentos e do tipo
de ocupação.
As larguras das escadas de
segurança e outras rotas devem permitir desocupar todos os pavimentos em um
tempo aceitável como seguro.
Isto indica a necessidade
de compatibilizar a largura das rotas horizontais e das portas com a lotação
dos pavimentos e de adotar escadas com largura suficiente para acomodar em seus
interiores toda a população do edifício.
As normas técnicas e os
códigos de obras estipulam os valores da largura mínima (denominado de Unidade
de Passagem) para todos os tipos de ocupação.
9.2.5 Localização das saídas e das
escadas de segurança.
As saídas (para um local
seguro) e as escadas devem ser localizadas de forma a propiciar efetivamente aos
ocupantes, a oportunidade de escolher a melhor rota de escape.
Mesmo havendo mais de uma
escada, é importante um estudo e a previsão de pelo menos 10m entre elas, de forma
que um único foco de incêndio, impossibilite os acessos.
9.2.5.1 Descarga das escadas de
segurança e saídas finais.
A descarga das escadas de
segurança deve se dar preferencialmente para saídas com acesso exclusivo para o
exterior, localizado em pavimento ao nível da via pública.
Outras saídas podem ser
aceitas, como as diretamente no átrio de entrada do edifício, desde que alguns
cuidados sejam tomados, representados por:
1) sinalização dos caminhos a tomar;
2) saídas finais alternativas;
3) compartimentação em relação ao subsolo e
proteção contra queda de objetos (principalmente vidros) devido ao incêndio e
etc.
9.2.6 Projeto e construção das
escadas de segurança.
A largura mínima das
escadas de segurança varia conforme os códigos e Normas Técnicas, sendo
normalmente 2,20 m para hospitais e entre 1,10 m a 1,20 m para as demais
ocupações, devendo possuir patamares retos nas mudanças de direção com largura
mínima igual à largura da escada.
As escadas de segurança
devem ser construídas com materiais incombustíveis, sendo também desejável que
os materiais de revestimento sejam incombustíveis.
As escadas de segurança
devem possuir altura e largura ergométrica dos degraus, corrimãos corretamente
posicionados, piso antiderrapante, além de outras exigências para conforto e
segurança.
É importante, a adequação
das saídas ao uso da edificação, como exemplo pode ser citado a necessidade de
corrimão intermediário para escolas ou outras ocupações onde há crianças e
outras pessoas de baixa estatura.
9.2.7 Escadas de segurança.
Todas as escadas de
segurança devem ser enclausuradas com paredes resistentes ao fogo e portas
corta-fogo. Em determinadas situações estas escadas também devem ser dotadas de
antecâmaras enclausuradas de maneira a dificultar o acesso de fumaça no
interior da caixa de escada. As dimensões mínimas (largura e comprimento) são
determinadas nos códigos e Normas Técnicas.
A antecâmara só deve dar
acesso à escada e a porta entre ambas, quando aberta, não deve avançar sobre o
patamar da mudança da direção, de forma a prejudicar a livre circulação.
Para prevenir que o fogo e
a fumaça desprendidos por meio das fachadas do edifício penetrem em eventuais
aberturas de ventilação na escada e antecâmara, deve ser mantida uma distância
horizontal mínima entre estas aberturas e as janelas do edifício.
9.2.8 Corredores.
Quando a rota de fuga
horizontal incorporar corredores, o fechamento destes deve ser feito de forma a
restringir a penetração de fumaça durante o estágio inicial do incêndio. Para
isto suas paredes e portas devem apresentar resistência ao fogo.
Para prevenir que
corredores longos se inundem de fumaça, é necessário prever aberturas de
exaustão e sua subdivisão com portas à prova de fumaça.
9.2.9 Portas nas rotas de fuga
As portas incluídas nas
rotas de fuga não podem ser trancadas, entretanto devem permanecer sempre
fechadas, dispondo para isto de um mecanismo de fechamento automático.
Alternativamente, estas portas
podem permanecer abertas, desde que o fechamento seja acionado automaticamente
no momento do incêndio.
Estas portas devem abrir
no sentido do fluxo, com exceção do caso em que não estão localizadas na escada
ou na antecâmara e não são utilizadas por mais de 50 pessoas. Para prevenir
acidentes e obstruções, não devem ser admitidos degraus junto à soleira, e a
abertura de porta não deve obstruir a passagem de pessoas nas rotas de fuga.
O único tipo de porta
admitida é aquele com dobradiças de eixo vertical com único sentido de
abertura.
Dependendo da situação,
tais portas podem ser a prova de fumaça, corta fogo ou ambos.
A largura mínima do vão
livre deve ser de 0,8 m.
9.2.10 Sistema de Iluminação de
Emergência
Esse sistema consiste em
um conjunto de componentes e equipamentos que, em funcionamento, propicia a
iluminação suficiente e adequada para:
1) permitir a saída fácil e segura do público
para o exterior, no caso de interrupção de alimentação normal;
2) garantir também a execução das manobras de
interesse da segurança e intervenção de socorro.
A iluminação de emergência
para fins de segurança contra incêndio pode ser de dois tipos:
1) de balizamento;
2) de aclaramento.
A iluminação de
balizamento é aquela associada à sinalização de indicação de rotas de fuga, com
a função de orientar a direção e o sentido que as pessoas devem seguir em caso
de emergência.
A iluminação de
aclaramento se destina a iluminar as rotas de fuga de tal forma que os
ocupantes não tenham dificuldade de transitar por elas.
A iluminação de emergência
se destina a substituir a iluminação artificial normal que pode falhar em caso
de incêndio, por isso deve ser alimentada por baterias ou por moto-geradores de
acionamento automático e imediato; a partir da falha do sistema de alimentação
normal de energia.
Dois métodos de iluminação
de emergência são possíveis:
1) iluminação permanente, quando as
instalações são alimentadas em serviço normal pela fonte normal e cuja
alimentação é comutada automaticamente para a fonte de alimentação própria em
caso de falha da fonte normal;
2) iluminação não permanente, quando as
instalações não são alimentadas em serviço normal e, em caso de falha da fonte
normal, são alimentadas automaticamente pela fonte de alimentação própria.
Sua previsão deve ser
feita nas rotas de fuga, tais como corredores, acessos, passagens antecâmara e
patamares de escadas.
Seu posicionamento,
distanciamento entre pontos e sua potência são determinados nas Normas Técnicas
Oficiais.
9.2.11 Elevador de segurança
Para o caso de edifícios
altos, adicionalmente a escada, é necessária a disposição de elevadores de
emergência, alimentada por circuito próprio e concebida de forma a não sofrer
interrupção de funcionamento durante o incêndio.
Esses elevadores devem:
1) apresentar a possibilidade de serem
operados pela brigada do edifício ou pelos bombeiros.
2) estar localizados em área protegida dos
efeitos do incêndio.
O número de elevadores de
emergência necessário e sua localização são estabelecidos levando-se em conta
as áreas dos pavimentos e as distâncias a percorrer para serem alcançados a
partir de qualquer ponto do pavimento. (ver figura 46)
9.3 Acesso a viaturas do Corpo de
Bombeiros
Os equipamentos de combate devem-se aproximar ao máximo do
edifício afetado pelo incêndio, de tal forma que o combate ao fogo possa ser
iniciado sem demora e não seja necessária a utilização de linhas de mangueiras
muito longas. Muito importante é, também, a aproximação de viaturas com escadas
e plataformas aéreas para realizar salvamentos pela fachada.
Para isto, se possível, o edifício deve estar localizado ao
longo de vias públicas ou privadas que possibilitam a livre circulação de
veículos de combate e o seu posicionamento adequado em relação às fachadas, aos
hidrantes e aos acessos ao interior do edifício. Tais vias também devem ser
preparadas para suportar os esforços provenientes da circulação, estacionamento
a manobras destes veículos.
O número de fachadas que deve permitir a aproximação dos
veículos de combate deve ser determinado tendo em conta a área de cada
pavimento, a altura e o volume total do edifício.
9.4 Meios de Aviso e Alerta
Sistema de alarme manual contra incêndio e detecção
automática de fogo e fumaça.
Quanto mais rapidamente o fogo for descoberto,
correspondendo a um estágio mais incipiente do incêndio, tanto mais fácil será
controlá-lo; além disso, tanto maiores serão as chances dos ocupantes do
edifício escaparem sem sofrer qualquer injúria.
Uma vez que o fogo foi descoberto, a seqüência de ações
normalmente adotada é a seguinte: alertar o controle central do edifício; fazer
a primeira tentativa de extinção do fogo, alertar os ocupantes do edifício para
iniciar o abandono do edifício, e informar o serviço de combate a incêndios
(Corpo de Bombeiros). A detecção automática é utilizada com o intuito de vencer
de uma única vez esta série de ações, propiciando a possibilidade de tomar-se
uma atitude imediata de controle de fogo e da evacuação do edifício.
O sistema de detecção e alarme pode ser dividido
basicamente em cinco partes:
1) Detector de incêndio, que se constitui em
partes do sistema de detecção que constantemente ou em intervalos para a
detecção de incêndio em sua área de atuação. Os detectores podem ser divididos
de acordo com o fenômeno que detectar em:
a) térmicos, que respondem a aumentos da
temperatura;
b) de fumaça, sensíveis a produtos de
combustíveis e/ou pirólise suspenso na atmosfera;
c) de gás, sensíveis aos produtos gasosos de
combustão e/ou pirólise;
d) de chama, que respondem as
radiações emitidas pelas chamas.
2) Acionador manual, que se constitui em parte
do sistema destinada ao acionamento do sistema de detecção;
3) Central de controle do sistema, pela qual o
detector é alimentado eletricamente a ter a função de:
a) receber, indicar e
registrar o sinal de perigo enviado pelo detector;
b) transmitir o sinal
recebido por meio de equipamento de envio de alarme de incêndio para, por
exemplo:
• dar o alarme automático no pavimento afetado
pelo fogo;
• dar o alarme
automático no pavimento afetado pelo fogo;
• dar o alarme temporizado para todo o
edifício; acionar uma instalação automática de extinção de incêndio; fechar
portas; etc;
• controlar o funcionamento do sistema;
• possibilitar teste.
4) Avisadores sonoros e/ou
visuais, não incorporados ao painel de alarme, com função de, por decisão
humana, dar o alarme para os ocupantes de determinados setores ou de todo o
edifício;
5) Fonte de alimentação de
energia elétrica, que deve garantir em quaisquer circunstâncias o funcionamento
do sistema.
O tipo de detector a ser utilizado depende das
características dos materiais do local e do risco de incêndio ali existente. A
posição dos detectores também é um fator importante e a localização escolhida
(normalmente junto à superfície inferior do forro) deve ser apropriada à
concentração de fumaça e dos gases quentes.
Para a definição dos aspectos acima e dos outros
necessários ao projeto do sistema de detecção automática devem ser utilizadas
as normas técnicas vigentes.
O sistema de detecção automática deve ser instalado em
edifícios quando as seguintes condições sejam simultaneamente preenchidas:
1) início do incêndio não pode ser prontamente
percebido de qualquer parte do edifício pelos seus ocupantes;
2) grande número de pessoas para evacuar o
edifício;
3) tempo de evacuação excessivo;
4) risco acentuado de início e propagação do
incêndio;
5) estado de inconsciência dos ocupantes (sono
em hotel, hospitais etc);
6) incapacitação dos ocupantes por motivos de
saúde (hospitais, clínicas com internação).
Os acionadores manuais devem ser instalados em todos os
tipos de edifício, exceto nos de pequeno porte onde o reconhecimento de um
princípio de incêndio pode ser feito simultaneamente por todos os ocupantes,
não comprometendo a fuga dos mesmos ou possíveis tentativas de extensão.
Os acionadores manuais devem ser instalados mesmo em
edificações dotadas de sistema de detecção automática e/ou extinção automática,
já que o incêndio pode ser percebido pelos ocupantes antes de seus efeitos
sensibilizarem os detectores ou os chuveiros automáticos.
A partir daí, os ocupantes que em primeiro lugar detectarem
o incêndio, devem ter rápido acesso a um dispositivo de acionamento do alarme,
que deve ser devidamente sinalizado a propiciar facilidade de acionamento.
Os acionadores manuais devem ser instalados nas rotas de
fuga, de preferência nas proximidades das saídas (nas proximidades das escadas
de segurança, no caso de edifícios de múltiplos pavimentos). Tais dispositivos
devem transmitir um sinal de uma estação de controle, que faz parte integrante
do sistema, a partir do qual as necessárias providências devem ser tomadas.
9.5 Sinalização
A sinalização de
emergência utilizada para informar e guiar os ocupantes do edifício, relativamente
a questões associadas aos incêndios, assume dois objetivos:
1) reduzir a probabilidade de ocorrência de
incêndio;
2) indicar as ações apropriadas em caso de
incêndio.
O primeiro objetivo tem
caráter preventivo e assume as funções de:
1) alertar para os riscos potenciais;
2) requerer ações que contribuam para a
segurança contra incêndio;
3) proibir ações capazes de afetar a segurança
contra incêndio.
O segundo objetivo tem
caráter de proteção, e assume as funções de:
1) indicar a localização dos equipamentos de
combate;
2) orientar as ações as de combate;
3) indicar as rotas de fuga e os caminhos a
serem seguidos.
A sinalização de
emergência deve ser dividida de acordo com suas funções em seis categorias:
1) sinalização de alerta, cuja função é
alertar para áreas e materiais com potencial de risco;
2) sinalização de comando, cuja função é
requerer ações que condições adequadas para a utilização das rotas de fuga;
3) sinalização de proibição, cuja função é
proibir ações capazes de conduzir ao início do incêndio;
4) sinalização de condições de orientação e
salvamento, cuja função é indicar as rotas de saída e ações necessárias para o
seu acesso;
5) sinalização dos equipamentos de combate,
cuja função é indicar a localização e os tipos dos equipamentos de combate.
9.6 Meios de Combate a Incêndio
9.6.1 Extintores portáteis e
Extintores sobre rodas (carretas).
O extintor portátil é um
aparelho manual, constituído de recipiente e acessório, contendo o agente
extintor, destinado a combater princípios de incêndio.
O extintor sobre rodas
(carreta) também é constituído em um único recipiente com agente extintor para
extinção do fogo, porém com capacidade de agente extintor em maior quantidade.
As previsões destes
equipamentos nas edificações decorrem da necessidade de se efetuar o combate ao
incêndio imediato, após a sua detecção, em sua origem, enquanto são pequenos
focos.
Estes equipamentos primam
pela facilidade de manuseio, de forma a serem utilizados por homens e mulheres,
contando unicamente com um treinamento básico.
Além disso, os
preparativos necessários para o seu manuseio não consomem um tempo
significativo, e conseqüentemente , não inviabilizam sua eficácia em função do
crescimento do incêndio.
Os extintores portáteis e
sobre rodas podem ser divididos em cinco tipos, de acordo com o agente extintor
que utilizam:
1) água;
2) espuma mecânica;
3) pó químico seco;
4) bióxido de carbono;
5) halon.
Esses agentes extintores
se destinam a extinção de incêndios de diferentes naturezas.
A quantidade e o tipo de
extintores portáteis e sobre rodas devem ser dimensionados para cada ocupação
em função:
1) da área a ser protegida;
2) das distâncias a serem percorridas para alcançar
o extintor;
3) os riscos a proteger (decorrente de
variável “natureza da atividade desenvolvida ou equipamento a proteger”).
Os riscos especiais como casa de medidores, cabinas de
força, depósitos de gases inflamáveis, caldeiras devem ser protegidos por
extintores, independentemente de outros que cubram a área onde se encontram os
demais riscos.
Os extintores portáteis
devem ser instalados, de tal forma que sua parte superior não ultrapasse a 1,60
m de altura em ralação ao piso acabado, e a parte inferior fique acima de 0,20
m (podem ficar apoiados em suportes apropriados sobre o piso);
Deverão ser previstas no
mínimo, independente da área, risco a proteger e distância a percorrer, duas
unidades extintoras, sendo destinadas para proteção de incêndio em sólidos e
equipamentos elétricos energizados.
Os parâmetros acima
descritos são definidos de acordo com o risco de incêndio do local.
Quanto aos extintores
sobre rodas, estes podem substituir até a metade da capacidade dos extintores
em um pavimento, não podendo, porém, ser previstos como proteção única para uma
edificação ou pavimento.
Tanto os extintores
portáteis como os extintores sobre rodas devem possuir selo ou marca de
conformidade de órgão competente ou credenciado e ser submetidos a inspeções e
manutenções freqüentes.
9.6.2 Sistema de hidrantes
É um sistema de proteção
ativa, destinado a conduzir e distribuir tomadas de água, com determinada
pressão e vazão em uma edificação, assegurando seu funcionamento por
determinado tempo.
Sua finalidade é
proporcionar aos ocupantes de uma edificação, um meio de combate para os
princípios de incêndio no qual os extintores manuais se tornam insuficientes.
9.6.3 Componentes do Sistema
Os componentes de um
sistema de hidrantes são:
1) reservatório de água, que pode ser
subterrâneo, ao nível do piso elevado;
2) sistema de pressurização.
O sistema de pressurização
consiste normalmente em uma bomba de incêndio, dimensionada a propiciar um
reforço de pressão e vazão, conforme o dimensionamento hidráulico de que o
sistema necessitar.
Quando os desníveis geométricos entre o reservatório e os
hidrantes são suficientes para propiciar a pressão e vazão mínima requeridas ao
sistema, as bombas hidráulicas são dispensadas.
Seu volume deve permitir uma autonomia para o funcionamento
do sistema, que varia conforme o risco e a área total do edifício.
3) Conjunto de peças hidráulicas e acessórios
São compostos por
registros (gaveta, ângulo aberto e recalque), válvula de retenção, esguichos e
etc.;
4) Tubulação
A tubulação é responsável
pela condução da água, cujos diâmetros são determinados, por cálculo
hidráulico.
5) Forma
de acionamento do sistema
As bombas de recalque
podem ser acionadas por botoeiras do tipo liga-desliga, pressostatos, chaves de
fluxo ou uma bomba auxiliar de pressurização (jockey).
O Corpo de Bombeiros, em
sua intervenção a um incêndio, pode utilizar a rede hidrantes (principalmente
nos casos de edifícios altos). Para que isto ocorra, os hidrantes devem ser
instalados em todos os andares, em local protegido dos efeitos do incêndio, nas
proximidades das escadas de segurança.
A canalização do sistema
de hidrante deve ser dotada de um prolongamento até o exterior da edificação de
forma que possa permitir, quando necessário, recalcar água para o sistema pelas
viaturas do Corpo de Bombeiros.
9.6.4 Dimensionamento
O dimensionamento do
sistema é projetado:
1) de acordo com a classificação de carga de
incêndio que se espera;
2) de forma a garantir uma pressão e vazão
mínima nas tomadas de água (hidrantes) mais desfavoráveis;
3) que assegure uma reserva de água para que o
funcionamento de um número mínimo de hidrantes mais desfavoráveis, por um
determinado tempo.
9.6.5 Sistema de Mangotinhos
Um outro sistema que pode
ser adotado no lugar dos tradicionais hidrantes internos são os mangotinhos.
Os mangotinhos apresentam
a grande vantagem de poder ser operado de maneira rápida por uma única pessoa.
Devido a vazões baixas de consumo, seu operador pode contar com grande
autonomia do sistema.
Por estes motivos os
mangotinhos são recomendados pelos bombeiros, principalmente nos locais onde o
manuseio do sistema é executado por pessoas não habilitadas (Ex.: uma dona de
casa em um edifício residencial).
O dimensionamento do
sistema de mangotinhos é idêntico ao sistema de hidrantes.
9.6.6 Sistema de chuveiros
automáticos ("sprinklers").
O sistema de chuveiros
automáticos é composto por um suprimento d’água em uma rede hidráulica sob
pressão, onde são instalados em diversos pontos estratégicos, dispositivos de
aspersão d’água (chuveiros automáticos), que podem ser abertos ou conter um
elemento termo-sensível, que se rompe por ação do calor proveniente do foco de
incêndio, permitindo a descarga d’água sobre os materiais em chamas.
O sistema de chuveiros
automáticos para extinção a incêndios possui grande confiabilidade, e se
destina a proteger diversos tipos de edifícios.
Deve ser utilizado em
situações:
1) quando a evacuação rápida e total do
edifício é impraticável e o combate ao incêndio é difícil;
2) quando se deseja projetar edifícios com
pavimentos com grandes áreas sem compartimentação.
Pode-se dizer que, via de
regra, o sistema de chuveiros automáticos é a medida de proteção contra
incêndio mais eficaz quanto à água for o agente extintor mais adequado.
De sua performance,
espera-se que:
1)
atue com rapidez;
2)
extinga o incêndio em
seu início;
3) controle o incêndio no seu ambiente de
origem, permitindo aos bombeiros a extinção do incêndio com relativa
facilidade.
9.6.7 Dimensionamento
O dimensionamento do
sistema é feito:
4) de acordo com a severidade do incêndio que
se espera;
5) de forma a garantir em toda a rede níveis
de pressão e vazão em todos os chuveiros automáticos, a fim de atender a um
valor mínimo estipulado;
6) para que a distribuição de água seja
suficientemente homogênea, dentro de uma área de influência predeterminada.
9.6.8 Sistema de espuma mecânica.
A espuma mecânica é amplamente
aplicada para combate em incêndio em líquidos combustíveis e inflamáveis.
O tipo da espuma, forma e
componentes para sua aplicação estão detalhados a seguir.
9.6.9 A espuma
A espuma destinada à extinção dos
incêndio é um agregado estável de bolhas, que tem a propriedade de cobrir e
aderir aos líquidos combustíveis e inflamáveis, formando uma camada resistente
e contínua que isola do ar, e impede a saída para a atmosfera dos vapores
voláteis desses líquidos.
Sua atuação se baseia na criação de
uma capa de cobertura sobre a superfície livre dos líquidos, com a finalidade
de:
1) Separar
combustível e comburente;
2) Impedir e
reduzir a liberação de vapores inflamáveis;
3) Separar as
chamas da superfície dos combustíveis;
4) Esfriar o
combustível e superfícies adjacentes.
9.6.9.1 Aplicação
Sua aplicação destina-se ao combate
de fogos de grandes dimensões que envolvam locais que armazenem líquido combustível
e inflamável.
Também se destina a:
1) extinção de
fogos de líquidos de menor densidade que a água;
2) prevenção da
ignição em locais onde ocorra o derrame de líquidos inflamáveis;
3) extinga
incêndios em superfície de combustíveis sólidos;
4) outras
aplicações especiais, tais como derrame de gases na forma líquida, isolamento e
proteção de fogos externos, contenção de derrames tóxicos e etc.;
5) Estas
últimas aplicações dependem de características especiais da espuma, condições
de aplicação e ensaios específicos ao caso a ser aplicado.
A espuma não é eficaz em:
1) fogo em
gases;
2) fogo em
vazamento de líquidos sobre pressão;
3) fogo em
materiais que reagem com a água.
A espuma é um agente extintor
condutor de eletricidade e, normalmente, não deve ser aplicada na presença de
equipamentos elétricos com tensão, salvo aplicações específicas.
Cuidado especial deve se ter na
aplicação de líquidos inflamáveis que se encontram ou podem alcançar uma
temperatura superior a ponto de ebulição da água; evitando-se a projeção do
líquido durante o combate (slop-over).
9.6.9.2 Características
Os vários tipos de espuma
apresentam características peculiares ao tipo de fogo a combater, que as tornam
mais ou menos adequadas. Na escolha da espuma devem-se levar em consideração:
1) aderência;
2) capacidade
de supressão de vapores inflamáveis;
3) estabilidade
e capacidade de retenção de água;
4) fluidez;
5) resistência
ao calor;
6) resistência
aos combustíveis polares.
9.6.9.3 Tipos de espuma
Os tipos de espuma variam:
1) segundo sua
origem:
a) química, que
é obtida pela reação entre uma solução de sal básica (normalmente bicarbonato
de sódio), e outra de sal ácida (normalmente sulfato de alumínio), com a
formação de gás carbônico na presença de um agente espumante. Este tipo de
espuma é totalmente obsoleto e seu emprego não está mais normatizado.
b) Física ou
mecânica, que é formada ao introduzir, por agitação mecânica, ar em uma solução
aquosa (pré-mistura), obtendo-se uma espuma adequada. Esta é o tipo de espuma
mais empregada atualmente.
2) segundo a
composição:
a) Base
proteínica, que se dividem:
• Proteínicas,
que são obtidas pela hidrólise de resíduos proteínicos naturais. Caracteriza-se
por uma excelente resistência à temperatura.
• Fluorproteínicas,
que são obtidas mediante a adição de elementos fluorados ativos a concentração
proteínica, da qual se consegue uma melhora na fluidez e resistência a
contaminação.
b) Base
sintética.
3) segundo ao
coeficiente de expansão:
O coeficiente de expansão é a
relação entre o volume final de espuma e o volume inicial da pré-mistura. E se
dividem em:
a) Espuma de
baixa expansão, cujo coeficiente de expansão está entre 3 e 30;
b) Espuma de
média expansão, cujo coeficiente de expansão está entre 30 e 250;
c) Espuma de
alta expansão, cujo coeficiente de expansão está entre 250 e 1.000.
4) segundo as
características de extinção;
a) Espuma
convencional, que extingue somente pela capa de cobertura de espuma aplicada;
b) Espuma
aplicadora de película aquosa (AFFF), que forma uma fina película de água que
se estende rapidamente sobre a superfície do combustível.
9.6.10 Espuma anti-álcool, que
forma uma película que protege a capa de cobertura de espuma frente à ação de
solventes polares.
9.6.11 Tipos de Sistemas
Os sistemas de espuma são
classificados conforme:
1) a sua
capacidade de mobilidade em:
a) Fixos, que
são equipamentos para proteção de tanque de armazenamento de combustível, cujos
componentes são fixos, permanentemente, desde a estação geradora de espuma até
à câmara aplicadora;
b) Semifixos,
que são equipamentos destinados à proteção de tanque de armazenamento de
combustível, cujos componentes, permanentemente fixos, são complementados por
equipamentos móveis para sua operação. São, normalmente, móveis o reservatório
de extrato e o conjunto dosador (proporcionador).
c) Móveis, que
são as instalações totalmente independentes, normalmente veículos ou carretas,
podendo se locomover e aplicar aonde forem necessários, requerendo somente sua
conexão a um abastecimento de água adequado.
2) Segundo a
sua forma de funcionamento, que pode ser:
a) automático;
b)
semi-automático;
c) manual.
9.6.12 Componentes do Sistema
1) Reserva (tanque) de extrato
É uma determinada
quantidade de extrato formador de espuma necessária para o funcionamento do
sistema.
Deve dispor dos
seguintes componentes básicos:
a) Indicador de nível, com válvula de isolamento;
b) registro para abertura e fechamento;
c) conexão para enchimento e esvaziamento;
d) conexão para o proporcionador;
e) domo de expansão (espaço), preferencialmente com válvula de
pressão-vácuo.
O material com
que é construído o tanque de extrato deve ser adequado ao líquido gerador que
armazena (problemas de corrosão e etc.).
2) Elemento dosador (proporcionador)
São equipamentos
responsáveis pela mistura do líquido gerador de espuma e a água, na proporção
adequada para formação da espuma que se deseja.
Seu funcionamento
se baseia no efeito “venturi”, que é passagem da água proporcionando a sucção
do líquido gerador de espuma na dosagem preestabelecida.
Normalmente
funcionam com pressões acima de 7 bar para permitir que proceda a pré-mistura
necessária.
A proporção é
fundamental para permitir uma espuma eficiente ao combate ao fogo que se
espera.
Normalmente a
proporção é de 3% para hidrocarburentes e 6% para combustíveis polares.
3) Bombas hidráulicas para dosar a pré-mistura
Também denominado
de dosagem por equilíbrio de pressão, consiste em uma bomba hidráulica que
possibilita uma regulagem automática da proporção de pré-mistura, sobre uma
grande demanda de vazão necessária.
Esta regulagem
consiste de orifícios calibrados no proporcionador, com uma válvula diafragma
que controla a pressão da linha de extrato, em função do diferencial de pressão
entre está e a linha de abastecimento de água.
4) Esguichos
e canhões lançadores de espuma
São elementos
portáteis e fixos, cuja função é dar forma a espuma de baixa e média expansão e
faze-la atingir ao tanque de combustível em chama.
Os esguichos
lançadores (linhas manuais) podem ou não possuir um dosificador em seu corpo
(proporcionador).
A diferença de
emprego entre o esguicho lançador de espuma e os canhões de espuma está na
capacidade de lançar e alcançar os tanques no que tange sua altura.
Os esguichos são
recomendados para tanques até 6m de altura, enquanto que os canhões atingem
alturas mais elevadas.
Os esguichos de
espuma são recomendados como complemento de apoio às instalações fixas, pois
como medida de proteção principal, expõem os operadores a sérios riscos .
5) Câmaras de espuma
São elementos
especialmente projetados para a aplicação de espuma de baixa expansão, sobre a
superfície de combustíveis contidos em tanques de armazenamento de grande
diâmetro e altura.
Tem a
característica de aplicar a espuma no interior do tanque em chamas por meio da
descarga na parede do tanque. Pode ser constituído de elementos especiais no
interior do tanque, que fazem com que a espuma caia de forma mais suave sobre a
superfície do líquido.
É composta por um
selo de vidro que impede a saída de vapores voláteis do interior do tanque, mas
que se rompem quando o sistema entra em funcionamento, permitindo a passagem da
espuma.
Dispõe também de
uma placa de orifício que regula a pressão, de forma a possibilitar a formação
de uma espuma adequada.
É utilizada para
tanque acima de 10 m de altura e ou diâmetro superior a 24m, normalmente em
tanque de teto fixo, podendo também ser projetada para tanques de teto
flutuante.
6) Geradores de alta expansão
São elementos de
geração e aplicação de espuma de alta expansão, formando uma espuma com uma
maior proporção de ar.
São compostos por
um ventilador que podem ser acionados por um motor elétrico, ou pela própria
passagem da solução de pré-mistura.
Podem ser do tipo
móvel ou fixo, aplicando a espuma diretamente ou por meio de mangas e condutos
especialmente projetados.
Sua pressão de
funcionamento varia de 5 a 7 bar.
7) Tubulações e acessórios
As tubulações são
responsáveis pela condução da água ou pré-mistura para os equipamentos que
formam ou aplicam espuma.
Deve ser resistente
à corrosão.
Quantos aos
acessórios, estes devem resistir a altas pressões uma vez que os sistemas de
espuma, normalmente, trabalham com valores elevados de pressão, decorrente das
perdas de carga nos equipamentos e pressões mínimas para a formação da espuma.
9.6.13 Dimensionamento
O dimensionamento do sistema varia
conforme o tipo, dimensão e arranjo físico dos locais que armazenam líquidos
inflamáveis e combustíveis, devendo seguir as normas técnicas oficiais e
Instruções Técnicas baixadas pelo Corpo de Bombeiros.
A reserva de incêndio também varia
conforme o tamanho das áreas de armazenamento, mas possuem capacidade de
reserva maior que aos destinados a sistema de hidrantes.
9.6.14 Sistema fixo de CO2.
O sistema fixo de baterias
de cilindros de CO2, consiste de tubulações, válvulas, difusores,
rede de detecção, sinalização, alarme, painel de comando e acessórios,
destinado a extinguir incêndio por abafamento, por meio da descarga do agente
extintor.
Seu emprego visa à
proteção de locais onde o emprego de água é desaconselhável, ou locais cujo
valor agregado dos objetos e equipamentos é elevado nos quais a extinção por
outro agente causará a depreciação do bem pela deposição de resíduos.
Ë recomendado normalmente
nos locais onde se buscam economia e limpeza, e naqueles que o custo
agente/instalação é muito mais inferior do que outro agente extintor empregado.
Possui uma efetiva
extinção em:
1) Fogos de classe “B” e “C” (líquidos
inflamáveis e gases combustíveis, e equipamentos elétricos energizados de alta
tensão), em:
a) recintos fechados, por inundação total,
onde o sistema extingue pelo abafamento, baixando-se a concentração de oxigênio
do local necessária para a combustão, criando uma atmosfera inerte.
b) recintos abertos, mediante aplicação local
sob determinada área.
2) Fogos de Classe “A” (combustíveis sólidos):
a) decorrente de seu efeito de resfriamento, nos incêndio em sólidos, em
que o fogo é pouco profundo e o calor gerado é baixo;
b) nos usos de inundação total, aliados a uma detecção prévia, a fim de
evitar a formação de brasas profundas;
c) nos usos de aplicação local, leva-se em conta o tipo e disposição do
combustível, uma vez que a descarga do CO2 impedirá a extinção nas
regiões não acessíveis diretamente pelo sistema.
O sistema não é capaz de
extinguir:
1) fogos em combustíveis (não pirofóricos) que
não precisam de oxigênio para a sua combustão, pois permitem uma combustão
anaeróbia;
2) fogos em combustíveis de classe “D”
(materiais pirofóricos);
Os tipos de sistema são:
1) Inundação total, onde a descarga de CO², é
projetada para uma concentração em todo o volume do risco a proteger;
2) Aplicação local, onde o CO2 é
projetado sobre elementos a proteger não confinados;
3) Modulares, que consiste em um pequeno
sistema de inundação total instalado no interior dos compartimentos dos
equipamentos a proteger.
9.6.15 Componentes do sistema
Os componentes dos
sistemas são:
1) Cilindros, que contém o agente extintor pressurizado,
onde a própria pressão do cilindro será utilizada para pressurização do
sistema, sendo responsáveis pela descarga dos difusores.
Sua localização deve ser
próxima a área/ equipamento a proteger, a fim de evitar perdas de carga;
diminuir a possibilidade de danos à instalação e baratear o custo do sistema;
mas não deve ser instalada dentro da área de risco, devendo ficar em local
protegido (exceto para os sistemas modulares).
Os cilindros devem ser
protegidos contra danos mecânicos ou danos causados pelo ambiente agressivo.
No conjunto de cilindros,
há um destinado a ser “cilindro-piloto”, cuja função é, mediante acionamento de
um dispositivo de comando, estabelecer um fluxo inicial do agente, a fim de
abrir por pressão as demais cabeças de descarga dos demais cilindros da
bateria.
Os cilindros podem ser de
dois tipos:
a) Alta pressão, na qual o CO2
encontra-se contido a uma temperatura de 20°C e uma pressão de 60bar. Este
sistema é o mais comum.
b) Baixa pressão, na qual o CO2
encontra-se resfriado a -20°C e com uma pressão de 20bar.
2) Cabeça de descarga, que consiste de um
dispositivo fixo adaptado à válvula do cilindro, a fim de possibilitar sua
abertura e conseqüente descarga ininterrupta do gás.
3) Tubulação e suas conexões, responsáveis pela
condução do agente extintor devem ser resistentes a pressão, a baixa
temperatura e a corrosão, tanto internamente como externamente. Devem resistir
a uma pressão de ruptura 5,5 vezes maior que a pressão nominal do cilindro;
4) Válvulas, com a função de direcionamento
(direcional) do agente extintor ou de purga do coletor de distribuição de gás
(evitar que fugas do sistema acionem os difusores fechados). Essas válvulas
devem resistir a uma pressão de ruptura 7 vezes maior que a pressão nominal do
cilindro;
5) Difusores, que consiste de dispositivo fixo
de funcionamento automático, equipado com espalhador de orifícios calibrados,
destinados a proporcionar a descarga do CO2 sem congelamento interno
e com espalhamento uniforme;
9.6.16 Brigada de Incêndio
O dimensionamento da Brigada de Incêndio deve atender às
especificações contidas nas normas técnicas adotadas pelo Corpo de Bombeiros,
por meio de Instrução Técnica.
Treinamento
A população do edifício deve estar preparada para enfrentar
uma situação de incêndio, quer seja adotando as primeiras providências no
sentido de controlar o incêndio, quer seja abandonando o edifício de maneira
rápida e ordenada.
Para isto ser possível é
necessário como primeiro passo, a elaboração de planos para enfrentar a situação
de emergência que estabeleçam em função dos fatores determinantes de risco de
incêndio, as ações a serem adotadas e os recursos materiais e humanos
necessários. A formação de uma equipe com este fim específico é um aspecto
importante deste plano, pois permitirá a execução adequada do plano de
emergência.
Essas equipes podem ser divididas em duas categorias,
decorrente da função a exercer:
1) Equipes destinadas a propiciar o abandono
seguro do edifício em caso de incêndio.
2) Equipe destinada a propiciar o combate aos
princípios de incêndio na edificação.
Em um edifício pode ocorrer que haja esta equipe distinta
ou executada as funções simultaneamente.
Tais planos devem incluir a provisão de quadros sinóticos
em distintos setores do edifício (aqueles que apresentem parcela significativa
da população flutuante como, por exemplo, hotéis) que indiquem a localização
das saídas, a localização do quadro sinótico com o texto "você está
aqui" e a localização dos equipamentos de combate manual no setor.
Por último deve-se promover o treinamento periódico dos
brigadistas e de toda a população do edifício.
9.7 Planta de Risco
É fundamental evitar
qualquer perda de tempo quando os bombeiros chegam ao edifício em que está
ocorrendo o incêndio. Para isto é necessário existir em todas as entradas do
edifício (cujo porte pode definir dificuldades às ações dos bombeiros)
informações úteis ao combate, fáceis de entender, que localizam por meio de
plantas os seguintes aspectos:
1) ruas de acesso;
2) saídas, escadas, corredores e elevadores de
emergência;
3) válvulas de controle de gás e outros
combustíveis;
4) chaves de controle elétrico;
5) localização de produtos químicos perigosos;
6) reservatórios de gases liqüefeitos,
comprimidos e de produtos perigosos.
7) registros e portas corta-fogo, que fecham
automaticamente em caso de incêndios e botoeiras para acionamento manual destes
dispositivos;
8) pontos de saídas de fumaça;
9) janelas que podem ser abertas em edifícios
selados;
10) painéis de sinalização e alarme de incêndio;
11) casa de bombas do sistema de hidrantes e
de chuveiros automáticos;
12) extintores etc.
13) sistema de ventilação e localização das
chaves de controle;
14) sistemas de chuveiros automáticos e
respectivas válvulas de controle;
15) hidrantes internos e externos e hidrantes
de recalque e respectivas válvulas de controle;
9.8 Observações gerais
9.8.1 Cada medida de segurança
contra incêndio abordada e exigida nas instalações, tem uma finalidade e
características próprias; portanto, em um dimensionamento, o
superdimensionamento ou a adoção de uma não implica na eliminação de outra,
salvo se previsto expressamente.